Referência: Mateus 25.1-12 —
AMBIENTE: “Então o reino dos céus será semelhante a
dez virgens que, tomando as suas
lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram
azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.” Temos diante de nós uma parábola simples na sua apresentação histórica, mas profunda no seu conteúdo teológico! No famosíssimo sermão do Monte das Oliveiras, do capítulo 24 e 25 de Mateus, Jesus esclareceu aos discípulos as três divisões clássicas da escatologia aplicada do seu discurso:
“quando serão essas coisas” – a relacionada com o Israel;
“que sinal haverá da tua vinda” — a relacionada com a
igreja; “e que sinal haverá do fim do mundo” — o relacionado com o
mundo! Os fatos que haveriam de acontecer num futuro próximo à sua ascensão aos céus (Dn 9.26). A palavra chave, tanto desta parábola, com as das que antecedem e sucedem é
vigiai! As três últimas parábolas proferidas por Jesus são sequenciais: na parábola anterior, a do
Servo Bom e Vigilante, a responsabilidade e a atenção são
comunitárias; nesta parábola das Dez Virgens, a responsabilidade e a vigilância são
individuais; e na parábola que se segue, a dos Talentos, a responsabilidade é o ganho são
corporativos.
EXPLICAÇÃO: O âmago da parábola das Dez Virgens estava em Jesus chamar a profunda atenção dos indivíduos que adentrassem no Reino de Deus, para vigiarem, pois sua vinda era iminente —
“Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36).
Ele, como o sábio arquiteto em contar e aplicar as suas lindas histórias usou desta feita, o pitoresco retrato de um casamento no Oriente Médio, em Israel. O pai do noivo, a pós seu filho ter oficializado o seu desposório com a sua noiva, enviava o convite oficial a todos os seus conhecidos amigos. O período para o casamento era de um ano, e nesse tempo não poderiam mais se separar, pois havia lavrado um contrato com as famílias e com os anciãos da tribo ou do clã. No dia apontado pelos pais, o noivo saia de sua casa em direção à casa da noiva e, a ser notória sua vinda, as dez virgens adereçada com a noiva saiam, em secreto, ao seu encontro na sua bendita trajetória
—
“saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu aposento” (Jl 2.16).
Ao emocionante encontro, dava-se o famoso rapto! Ambos se redirecionavam para a casa do pai do noivo, onde os anciãos da cidade estavam esperando para realizar o casamento. Terminando a cerimônia, os noivos, agora casados, desciam com o oficiante e as virgens, a participarem do exuberante banquete preparado na casa da noiva, juntamente com todos os convidados! Seria caso terminal, se o noivo chegasse às cercanias, e a noiva com as virgens não estivessem adequadamente preparadas:
‘’Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como
uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2).
INTERPRETAÇÃO: O cerne da interpretação desta parábola é o arrebatamento da
Igreja. No entanto é possível, em segundo plano aplicá-la como símile para a salvação de
Israel, quando Cristo venha em glória para instalar o Julgamento Final e a inauguração do Milênio. Nessa parábola, a noiva não aparece somente o noivo e as dez virgens como elementos principais da história! A noiva é a igreja na incorporação das dez virgens, pois em todas as dispensações a igreja foi sempre um
mistério — “Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi... o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como
agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Ef
3.3-5). Nas Escrituras Sagradas o dez aparece como uma dispensação ou trabalho completo do homem para com Deus:
“Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?”
(1 Sm 1.8). Existia um costume pós-cativeiro que, onde se reunisse mais de dez judeus, alí deveria ser constituída uma sinagoga. Por causa de heterogeneidade do homem sobre a terra, aqui foi, portanto, dividido os dez em duas partes de cinco: prudentes e néscias. O pai do noivo é o Pai celestial; o noivo é Cristo; as dez virgens é a igreja incorporada; das quais, cinco prudentes eram
professantes do Reino de Deus, e cinco imprudentes eram
confessantes da religião cristã. As lamparinas eram corporativamente a identidade eclesiástica e, como indivíduos, o coração do salvo; enquanto o azeite era a graça de Deus manifestada através da presença do Espírito Santo em suas vidas — “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.15).
A ausência de azeite, portanto, indicava uma vida sem vida, sem salvação! Nenhuma graça, nenhuma vida! À
meia noite — término de uma dispensação — ouviu-se o brado: aí vem o noivo! A noiva, as virgens, levantou-se para ir ao encontro do noivo, porém, somente as cinco que tinham azeite
em abundância lograram se encontrar com o noivo: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17).
Após as bodas do Cordeiro nos céus; Ele e a sua noiva descerão para salvar a Israel no final dos sete anos da Grande Tribulação, e instalar o Milênio, o qual hospedará a grande ceia das bodas do Cordeiro! (Ap 19.9). Finalizando, tenhamos em mente o perfil exegético do segundo plano de
aplicação dessa parábola — a vinda de Jesus em glória —, o qual não deve ser confundido com o primeiro plano de sua
interpretação — a vida de Jesus para o arrebatamento! Cinco exemplos clássicos hermenêuticos pelos quais não pode ser invertido esse panorama: i.
dormiram todas – no final da Grande Tribulação não existirá nenhuma condição para ninguém dormir, ou muito menos cochilar; ii.
fechou-se a porta — a porta de acesso à grande ceia, no Reino Messiânico, não se fechará, muito pelo contrário, estará aberta para todos os que ingressarem nesse majestoso período —
“...amigo, como entrastes aqui, não tendo vestes nupciais?” (Mt 22.12). O
fechou-se a porta aqui, se refere ao encerramento da
graça na constituição da igreja aqui na terra: fechou-se para as cinco que representam a igreja professante de
Filadélfia, a fim de ingressar no gozo do seu Senhor, e fechou-se para as cinco que representam a igreja nominal de
Laodicéia, a qual ficará permanentemente fora do alcance da graça do Deus; iii.
tardando o esposo — o esposo, na segunda fase de sua Segunda Vinda chegará precisamente na hora aprazada, no final das sete semanas das 70 de Daniel 9.24-27; iv. finalmente, no arrebatamento ele virá
desposado para a igreja; no livramento e salvação de Israel, ele virá já
casado com a sua igreja (Jd 1.14)! Portanto, amada igreja do Senhor Jesus, vigiemos, pois não sabemos a que hora Ele virá!
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