Parábolas de Jesus

O TRIGO E O JOIO

Rev. Eronides DaSilva



Referências: Mateus 13.24-30; 36-43 — Ambiente: Jesus antes de rumar à casa de Pedro, a alguns metros da praia do Mar da Galiléia, na popa do barco, Ele continua a mesma linha de pensamento sobre o campo e a semente, ensinando essa exótica parábola. Jesus marca um forte contraste entre a do Semeador, que tinha uma semente, um campo e um semeador — “...a semente é a palavra de Deus” (Lc 8.11); e a do Trigo e Joio, que tinha dois semeadores, dois campos e duas sementes — “o campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno” (Mt 13.38). Aquela semente, que era a Palavra de Deus, plantada num bom terreno, geraria um novo homem, a qual é denominada aqui de filhos do Reino — “segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fossemos como primícias das suas criaturas” (Tg 1.18). Os filhos do maligno, entretanto, só são reconhecidos quando, mais tarde, seus frutos aparecem — “Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore” (Mt 12.33).

Explicação
: As parábolas do Trigo e do Joio e a da Rede são gêmeas, e falam do final dos tempos e do julgamento final. Aqui se contempla o maior investimento missionário, quer na época da graça, como na época dos sete anos da Grande Tribulação. Dois grupos de missionários são enviados com propósitos diferentes: os filhos do Reino para discipular a população que recebeu o Evangelho do Reino; e os filhos do maligno, para contrapor as virtudes e as árduas tarefas que os filhos de Deus estarão a laborar! Se aplicarmos esta parábola para o nosso tempo atual, o campo seria a área geográfica da igreja institucionalizada. Entretanto, na sua interpretação original, o campo é todo o mundo. Os dois campos são de propriedade exclusiva de Deus! Tristemente, as sementes foram lançadas enquanto os servos dormiam! Quem peca, peca no escuro; Satanás, como príncipe das trevas, trabalha constantemente na escuridão do conhecimento (Sl 104.20), da falta do avivamento (Hb 3.2) e da conformação com este mundo (Rm 12.1-3). E, filho de peixe, peixinho é; tal o enganador, são os seus filhos — “O caminho da mulher adúltera é assim: ela come, depois limpa a sua boca e diz: não fiz nada de mal” (Pv 30.20)!

Interpretação
: O cenário aqui é o Mar da Galiléia, face à Sinagoga de Capernaum, próximo da casa de Pedro. O mais irônico de tudo, e graças a Deus pelo seu amor e justiça demonstrados, é que a chuva cai sobre todos; os fertilizantes naturais alimentam ambas as sementes; o sol opera a fotossíntese em todos os elementos: “porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45). O joio não foi arrancado, porque a obra dos filhos do Reino valem mais do que o mundo inteiro; por que os filhos do maligno não foram removidos? Porque Deus utiliza as circunstâncias e dores para provar e aprimorar os seus filhos: “tampouco desapossarei mais de diante deles a nenhuma das nações, que Josué deixou, quando morreu; para por elas provar a Israel, se há de guardar, ou não, o caminho do SENHOR, como seus pais o guardaram, para nele andar” (Jz 2.20-21). Os dois semeadores da parábola, são distintos em propósitos e caráteres: um a Fiel Testemunha, outro o amotinador; um a Verdade, outro o pai da mentira; um a trindade do bem e outro a triunidade do mal; um Jesus e outro Satanás“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). As duas sementes, como já foi mencionado, são os filhos do Reino, e os filhos do maligno. Aqueles (Sl 126.6; Is 6.13), a boa semente, salvos pela Palavra, pregam a verdade; manifestam a graça de Deus para a salvação dos homens; santificam-se e ajudam outros a se santificarem; e no caminhar sobre o campo de Deus, glorificam a Trindade nos seus corpos, almas e espíritos — “eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10.10b). Estes, a má semente (Ef 2.2; Jo 8.44), pelo próprio adjetivo com o qual se designam, matam, roubam e destroem, pois são as tarefas fundamentais do seu mentor, o Príncipe das Trevas — “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir” (Jo 10.10a).

Hoje, aplicando estas verdades à nossa dispensação, a igreja é invadida por todos os tipos de missionários do reino das trevas. Eles estão em nosso meio; se parecendo conosco; usando a mesma nossa liturgia; realizando obras e pregações em nome da Trindade e do nosso Evangelho. Eles crescem juntos, tão juntos que muitas vezes o líder da igreja não sabe distinguir entre o bem e o mal; entre a igreja de Cristo e a igreja pós-moderna e emergente; entre a manifestação das trevas e da luz — “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Co 11.14). Entretanto, no final das setes semanas de anos de Daniel, sob a ordem de Jesus Cristo, os anjos organizadamente recolherão os filhos do maligno em molhos: os ateístas, os teosofistas, os animistas, os idólatras, os apóstatas e os membros da igreja do anticristo, os quais serão lançados vivos no Hades, e ficarão lá a espera do Juízo Final. Entretanto, e glória a Deus por isso, os filhos do Reino que aceitaram ao Messias como seu redentor, serão transportados são e vivos ao celeiro do Pai — o Reino Messiânico, e alí brilharão como o sol por mil anos, e depois por toda a eternidade — “Os sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12.3)!