Rev. Eronides DaSilva
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O
compromisso pessoal, o sentimento humano e o medo de enfrentar as controvérsias,
são uns dos maiores
inibidores
para que o homem de Deus se emudeça diante das infames doutrinas duvidosas
atualmente espraiadas na esfera da igreja. Quando, em 1982, levantei uma tese
sobre os pretensos católicos
romanos carismáticos, fui confrontado pelos meus melhores
amigos, os quais argumentaram querer ser eu dono vitalício único da verdade!
Hoje, como nunca, concluo que o silêncio dos justos contra os ensinos heréticos,
fazem tão mal quanto a ausência na proclamação da verdade! Sublinho aqui as
palavras de Norberth Lieth, da obra “Alle wege führen nach Rom” —
Todo caminho leva a Roma: “Quem se cala diante do pecado, da injustiça e
das falsas doutrinas não ama de verdade. A Bíblia diz que o amor ‘não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade’ (1Co 13:6). O apóstolo
Paulo estava disposto a ser considerado maldito por amor ao seu povo, mas não
cedia um milímetro quando se tratava da verdade em Cristo. Mas pior do que
discutir é tolerar falsas doutrinas sem protesto e sem contestação. A Reforma
Protestante só foi vitoriosa porque houveram discussões. Se fosse correta a opinião
de certas pessoas que amavam
à paz acima de tudo, nunca teríamos tido a
Reforma. Por amor à paz deveríamos adorar à virgem Maria e nos curvar diante
de imagens e relíquias até o dia de hoje. O apóstolo Paulo foi a
personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado,
apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão, arrastado
diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de assassinato.
Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de
Tessalônica
se queixaram: ‘Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui’
(At 17:6). Deus tenha misericórdia dos pastores cujo alvo principal é o
crescimento das suas organizações e a manutenção da paz e da harmonia. Eles
até poderão fugir das
polêmicas,
mas não escaparão do tribunal de Cristo.”
Um
dos exemplos atuais mais tediosos, e que está levando às suas redes milhares de
cristãos leigos do primeiro ao quarto mundo, é a aceitação do irresponsável
ensino que após o arrebatamento da igreja haverá uma outra oportunidade para
os que ficarem para trás. Esta é a mensagem subliminar dos famosos filmes
de cunho cristão, The Omega Code — O Código
Omega,
The Vanished — Os Desaparecidos e
The Left Behind —
Os Deixados
Para Trás. Neles, o
diretor
teve a
sutileza
de inserir imagens e aconselhamentos pastorais de
renomados
tele-evangelistas
atuais,
como: Reverendo John Hagees, Bispo T.D. Jakes e Evangelista Benny Hinn. Este
ensino e a longa lista de precauções que devem ser tomadas pelos
pretensos infortunados
que ficarem para trás, são desprovidos de um total consenso
exegético,
e têm entorpecido a
escatologia
bíblica nos corações de muitos crentes, incentivando-os a viver uma vida
cristã irresponsável e acomodada! O modismo eclesiástico
atual
e o
descompromisso
com a teologia,
na corrupção das
três doutrinas bíblicas,
uma única queda
passiva de restauração, uma única restauração
do ser humano e uma única
porta da graça
oferecida aos
Gentios, é uma evidência do grau da
síndrome na qual
se encontra infectada a
presente sociedade
evangélica.
Existem
duas portas
dispensacionais para os
Gentios nas Escrituras Sagradas: a porta do domínio político, e a porta
da salvação
espiritual. A porta de domínio político, que estende-se desde a imigração de
Israel para o Egito até o seu livramento do Império Romano ressuscitado, no final da Grande
Tribulação, está mencionada no
Pentateuco, nos profetas
maiores e menores e, mais tarde, reafirmada pelo próprio Jesus, nos Evangelhos:
1) o Egito, primeiro império gentílico simbolizado por um dragão (Is
51:9 e Ez 17:1-24); 2) a Assíria, segundo império gentílico,
representado por um leão (Jr 50:17-18); 3) a
Babilônia, terceiro
império gentílico, representado pela cabeça de ouro da estátua, um leão com
asas e uma águia (Dn 2:38; 7:4); 4) os
Medos-Persas, o quarto
império gentílico, representado pelo peito de prata e o carneiro (Dn 2:39; Dn
7:5); 5) a Grécia, quinto império gentílico, representado pelo ventre de
bronze e o leopardo de quatro cabeças (Dn 2:39; 7:6; 8:8,9); 6) e o Romano, sexto império
gentílico a dominar as nações em duas fases distintas, simbolizadas pelas duas
pernas de ferro e a besta de dez chifres (Dn 2:33,40; 7:7,8; Lc 21:24; Ap 13:1,
11; 17:1-6).
Entretanto,
a porta da salvação espiritual, conhecida como porta da graça de Deus
oferecida aos Gentios, estende-se desde a ocasião da rejeição do Messias
pelos Judeus (Jo 1:11; Mt 21:43) até o arrebatamento da igreja, quando
fechar-se-á para dar ocasião ao início a última semana das setenta de Daniel
— “setenta semanas estão determinadas sobre teu povo e sobre a
santa cidade.” (Dn 9:24). Não é que a graça de Deus vai acabar,
mas que o período da porta de salvação espiritual aberta graciosamente para todas as gentes
terminará — "mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus" ( Jo 1:12). A parábola das dez virgens é a
tônica doutrinária do
fechamento da porta — e fechou-se a porta! As virgens,
representando as duas igrejas do tempo do fim - a de Filadélfia (a fiel) e a de
Laudicéia
(a comprometida); uma que subirá e outra que ficará, claramente mostra que não
haverá uma segunda chance para os que ficarem para trás. Primeiro, porque a
porta que Deus fecha ninguém abre; segundo, os que ficarem,
independente de sua predestinação como igreja (lamparinas), ou eleição
como indivíduo,
ficarão de fora, ou
porque não terão o Espírito
em suas vidas (azeite),
ou porque uma vez o tiveram e o
perdeu.
Dentro de uma pura exegese bíblica e descomprometida hermenêutica, só existe uma queda possível de uma regeneração — a queda em Adão! O desvio, o crente pode experimentar várias vezes, sem, entretanto, a princípio ter o risco de perder sua salvação, ficando sem azeite; mas o cair só ocorreu uma única vez! Não se pode recair e ser regenerado pela segunda vez:
(Hb 6:4-6)
- "porque é impossível que os que já uma vez
foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito
Santo, e provaram a boa palavra de Deus e a virtude dos séculos futuros, e recaíram,
sejam outra vez renovados para arrependimento.";
(Hb 10:26,27)
- “porque se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento
da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação
horrível de juízo”;
(2 Pe 2:20)
- “Porquanto se, depois de terem
escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus
Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último
estado pior do que o primeiro”;
(1
Jo 5:16) - “se alguém vir pecar seu irmão pecado que não é para a morte, orará, e Deus
dará vida àqueles que não pecarem para a morte”;
(Mt 12:32)
- “mas se
alguém blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste
século nem no futuro”!
Sim, podemos nos desviar, e sermos restaurados!
Entretanto, se cairmos da graça nunca mais
poderemos ser restaurados! Fundamentalmente, sabemos que a salvação não vem pelas obras, "porque
pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós;
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie"
(Ap 3:7; Ef 5:8,9). A
Soteriologia nos confere o
seguinte ponto de vista doutrinário: o homem caiu uma vez
no “Primeiro
Adão” (que veio em alma vivente), e só
pode ser regenerado uma vez, pela fé, em Cristo Jesus,
o “Segundo Adão”
(que veio em espírito vivificante) —
"pelo
que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim
também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram"
(Rm 5:12). Assim, conclui-se que, tanto antes ou depois do arrebatamento, os
que por infelicidade caíram, rebelando-se contra Deus ou pecando contra o
Espírito Santo não estarão mais possibilitados ao arrependimento,
ação
esta inerente ao Espírito Santo
para a regeneração que qualquer ser
humano!
Portanto,
durante a Grande Tribulação, conforme a fraseologia bíblica, podem dar o
pescoço ou deixar de dar, porque não mudará a sentença determinada para os
negligentes que ficaram para trás - "e, ele respondendo, disse: em
verdade vos digo que não vos conheço" (Mt 25:12). Cristo só tem uma
noiva, não tem concubinas. Deus nos guarde a todos! Obviamente, entendemos,
historicamente, que será um ato de coragem muito grande para os que, por um
mero sentimento religioso culposo, dispuserem seus pescoços à guilhotina!
Haverá sempre heróis que se sacrificarão por uma causa nobre ou não, como
fez o terrorista americano, Timothy McVeigh. Porém,
o Senhor Deus não quer sacrifício, mas sim obediência. E, obediência, já!
Não nos deixemos enganar, pois diga-se de passagem que no final não terá nenhum recaído dando o pescoço para ser cortado, ou suas veias para serem dessecadas, muito pelo contrário, serão eles que perfilarão para fazer coro junto com o Conselho de Igrejas do Anticristo; serão eles que denunciarão os judeus fiéis ao Comitê de Julgamento Sumário; serão eles que cantarão no grande coral orquestrado pelo Falso Profeta; serão eles que, pelas madrugadas tenebrosas, se embriagarão com o vinho da Grande Prostituta (Ap 17:1-5), a qual reconhecerá espiritualmente todos aqueles que antes do arrebatamento deitaram-se em suas camas malfasejas! E, mesmo porque, se na época da graça, com o Espírito Santo, com a Palavra, com a Igreja, não fizeram caso do Evangelho, deram as costas à Deus, muito menos naquela época, quando não terão ninguém, estarão abandonados. Os milhares que serão ceifados pela atrocidade diabólica do governo do Anticristo serão "aqueles que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens... e estes, cantavam um cântico novo diante do trono" (Ap 14:3-4). A igreja não estará diante do trono, e sim no trono — Beema: "para que onde eu estiver, eles estejam comigo... ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono" (Jo 17:24; Ap 3:21).
Mas
a insistência continua por parte daqueles que tentam direta ou indiretamente
enganar aos crentes sinceros com suas
incautas pregações: o que
falar dos milhares que procederão de todas as nações, tribos, povos e línguas
(Ap 7:9)? Primeiro, é que a igreja — gentios ou judeus salvos desde
o tempo do ministério terreno de Jesus
até o Arrebatamento —
não cantará um
cântico
de Moisés e muito menos terá palmas nas mãos (Ap 7:9; 15:3)! Segundo, é que
a fraseologia hebraísta
nações,
tribos, povos e línguas, não refere-se aos Gentios, e sim
a uma etnia judaica extraída dentre os gentios pela explosiva pregação do
Evangelho do Reino pelos 144 mil evangelistas das doze tribos de Israel, e pela
extraordinária presença das Duas Testemunhas durante os dois últimos terços
da Grande Tribulação (Ap 7:3; 11:1-11)! A divina polarização dos milhares
que ouvirão a pregação do Evangelho do Reino, e o aceitará, será um dos
maiores milagres da história, seguido
o da ressurreição! Os bem-aventurados que
forem arrebatados, os infelizes que ficarem para trás pelo conto do vigário
evangélico, contemplarão, uns de cima e outros de baixo, o maior milagre da história: brasileiros,
chineses, russos, portugueses, africanos, ingleses, chilenos ou de quaisquer autóctones,
serem identificados como israelitas: “porque nem todos os que são de Israel são
israelitas” (Rm 9:6) — a mesma verdade é paralela, pois mesmo “destas
pedras Deus pode suscitar filhos à Abraão” (Mt 3:9).
Conforme
a estrutura genética e a genealogia horizontal judaica, os responsáveis por uma linhagem
é o ser masculino. Daí, Jesus Cristo ter sido eleito rei por tríplice maneira:
nascimento, herança e conquista! Dai,
as duas genealogias de Jesus; a paternal apresentada no Evangelho de Mateus, e a
maternal no Evangelho de Lucas, aparecerem ambas terminando em José. Israel teve três grandes
diásporas: de
dez tribos, durante o cativeiro da Assíria, no ano 721a.C.; de
duas tribos durante o
cativeiro da Babilônia,
no ano 586a.C.; e dos remanescentes, durante a invasão do general Tito
—
o cativeiro de todas as nações, no ano 70d.C.
A casa ficou literalmente
deserta! Esta mistura de raças
oriunda das diásporas, deu uma nova composição étnica
para os descendentes de Abraão. Somente pelo grande milagre de Deus, é que, de entre as nações,
povos, tribos e línguas, ele
literalmente extrairá os 144 mil para serem os evangelistas
durante a Grande Tribulação! O perfil
Escatológico das Setenta
Semanas de Daniel (Dn 9:24-27), assim como o reinício da pregação do Evangelho
do Reino, designa, claramente, que a finalidade da Grande Tribulação, ou
a última
das setenta semanas, será exclusivamente para 1) salvação de Israel,
2) punição dos gentios, 3) julgamento das nações que apoiaram
o povo de Deus e, 4) o estabelecimento do
Milênio
- nada mais nem nada menos!
Lembremo-nos:
hoje é o dia aceitável da salvação! Tudo que temos de fazer em prol
da obra do Mestre, tudo aquilo que temos de realizar em benefício da nossa
própria vida cristã, façamos hoje! A porta do perdão, da reconciliação, da
prosperidade, do amor e da graça está aberta, e bem aberta! Para que deixar para
amanhã o que podemos fazer hoje? Como
está gravada a inscrição seguinte numa rocha
lunar, no museu espacial do Cabo Canaveral, Flórida: “ontem foi passado, amanhã será um sonho, hoje é
uma realidade”! O irmão João Diener no estribilho do seu hino
congregacional conseguiu
sensibilizar a muitos, quando cantava: “Meu amigo, hoje tu tens escolha:
vida ou morte, qual vais aceitar? Amanhã pode ser muito tarde, hoje Cristo te
quer libertar!” - "portanto, como diz o Espírito Santo, se
ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações" (Hb
3:7). Cuidado com o vigário evangélico, ele quer ter suas audiências
cheias, seus nomes em letras garrafais
nos outdoors, sua aperfeiçoada estética permeada
na mídia, suas contas bancárias bem
abarrotadas e suas consciências
mercadológicas bem
sucedidas e tranquilas, não importando que para tal o adepto vá para o céu ou
para o inferno!
Apreciaríamos que os líderes pudessem orientar, exortar e orar por todos os cristãos, para que exerçam a prática da santidade bíblica (hagiasmos) nas suas vidas, sem a qual ninguém verá a Deus nem antes ou depois do arrebatamento! As mesmas Escrituras afirmam, “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” ( 1Ts 5:23). Deus guarde a todos nós!
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